Abuso sexual deixa sequelas graves
Na semana passada uma reportagem do FolhaSete com dados do Ministério Público revelou a ocorrência de quatro denúncias de abuso sexual contra crianças e adolescentes em apenas 30 dias em Seara.
Nesta semana o FS ouviu psicólogos para entender as causas e os reflexos desta prática cruel e criminosa. A sexualidade é algo natural, porém sua expressão e vivência, através das relações que se estabelecem entre as pessoas, é algo que varia de acordo a cultura e o valor que se atribui a ela. "Atualmente a relação sexual em si é supervalorizada e banalizada como via de acesso a um prazer. Isso tem um lado muito negativo, pois gera uma série de elementos que, do ponto de vista de uma moralidade humana, são nefastos, como a pornografia, pedofilia, um sensualismo e erotismo exacerbado. Basta ligar a TV e ver o que é exibido para se ter uma ideia disso ou acessar as páginas de internet. Do ponto de vista psicológico, entendo que isso produz ou intensifica o desejo por manter relações sexuais em busca de prazer, deixando de lado um aspecto muito importante: a afetividade humana", explica o psicólogo do setor de Saúde Mental de Seara, Edes do Amaral.
Para o profissional, "isso é o grande problema, pois se uma pessoa já não se importa com a outra, pode utilizá-la como um 'objeto' para conseguir o que deseja, a sua satisfação pessoal, o seu prazer. Há, obviamente, outros fatores, como transtornos de conduta, históricos em que aquele que foi violentado depois acaba se transformando no violentador. Em se tratando de crianças, acredito que por serem mais indefesas, tornam-se um alvo mais fácil e que gera um 'risco menor' para o violentador ser descoberto e punido".
De acordo com a psicóloga e ex-presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e Adolescentes de Seara, Josiane Savoldi, apenas alguns casos de abusos sexuais são revelados, ou, por vezes, entendidos verdadeiramente como violência sexual. Destaca que a atitude intolerável contra as crianças não tem muita explicação. "O relacionamento humano não é exato, portanto não é possível encontrar causas específicas para justificar essas atitudes. O que se pode afirmar é que existem algumas características nas famílias onde acontecem esses casos, como o uso do poder de forma não funcional, negligência, ocorrência prévia de outras violências com membros da família, entre outros. Mas não necessariamente as famílias que possuem essas caraterísticas serão aquelas com casos de violência sexual infantil".
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