Cidade monitorada
Dificilmente passa uma semana sem que haja registros de furtos e até mesmo assaltos em Seara
Na semana passada, durante o Carnaval, mais uma residência foi invadida com os proprietários em casa. Fortemente armados, os bandidos fizeram o casal de reféns e levaram vários pertencentes da família, incluindo uma caminhonete Hillux. Do roubo, somente o veículo foi encontrado no bairro Efapi em Chapecó. Até agora nenhum suspeito foi preso.
A criminalidade aumentou significativamente e a sociedade está cada vez mais temerosa. A sensação de tranquilidade, de cidade pequena e pacata, que até pouco tempo havia, não existe mais. O baixo efetivo das polícias têm sido o pivô do cenário atual, segundo as autoridades do setor. Tal realidade é compartilhada de forma geral no Estado e no país. O alvo dos bandidos mudou, já que em capitais, com recursos humanos e técnicos melhores à resolução dos casos dificultou as ações dos marginais. Desta forma, a bandidagem tem migrado para o interior e feito a festa.
O Diário Catarinense publicou há poucos dias uma matéria informando que o número de roubos em Santa Catarina, quando o ladrão age com violência e normalmente armado contra a vítima, saltou de 10.727 ocorrências em 2011 para 17.691. Além disso, aponta que nos últimos cinco anos os assaltos aumentaram em 65%. A resposta à população tem sido pequena comparada às ocorrências.
Nesta semana o FolhaSete conversou com Tenente Coronel Ricardo Alves da Silva, comandante do 20º Batalhão da Polícia Militar de Concórdia, sobre a situação de Seara. "Nos preocupa muito!". Afirmou no entanto, que "o que penso que a comunidade está nos cobrando é a questão do efetivo, e esta é latente em todo Estado, todos os batalhões estão precisando. Porém, não temos como fazer qualquer tipo de argumento agora, porque não há concurso e nem qualquer previsão de deslocar mais pessoal. A promessa que temos do governador é que serão inseridos mais de mil policiais no mês de agosto, mas a alteração do efetivo acontecerá somente em 2017". Avaliando a complexidade da situação, garantiu que "o que a gente está comprometido com o pessoal de Seara e Concórdia é que vamos realizar uma série de operações especiais na cidade, nos próximos meses. Não quer dizer que estaremos direto aí, mas aleatoriamente e agindo com força". Acrescentou que "não adianta ficarmos reclamando de baixo efetivo, vamos nos dedicar muito com Seara, nossa preocupação é muito grande e acredito que realmente a comunidade está bastante assustada". Em contrapartida, ressalta que as respostas esperadas pela sociedade na resolução dos casos, não é de competência da Militar. "Há que se entender também na questão de não se ter descoberto ninguém, que esse é o papel da polícia civil. Nós falhamos na prevenção, mas o pós crime é com a civil". Disse ainda que não é somente o baixo policiamento que facilita as ocorrências. Argumenta que a população precisa se precaver. "O crime ocorre por duas características, a oportunidade e a certeza de impunidade. A orientação é para que a comunidade crie alternativas não deixando as residências abertas, e quando as pessoas saem de casa procurar informar ao vizinho para ficar observando, mas Seara terá um olhar especial da gente, bem como Irani que estão sendo os dois locais com maior índice de violência no últimos tempos".
Recurso visual disponível
Foi concluído na quarta-feira, 17, pela Coringa Sistemas Inteligentes de Segurança, de São José a instalação das câmeras de vídeomonitoramento em Seara.
Para o Comandante da PM de Seara, Capitão Rodrigues, os equipamentos irão ajudar a visualizar crimes, mas não o ciclo criminal completo, pois a defasagem de efetivo policial é grande.
São 10 equipamentos em 10 pontos envolvendo Centro, bairros e acessos ao município. As câmeras foram disponibilizadas pelo governo do Estado, com recursos de contrapartida da prefeitura de Seara, dentro do que está previsto no Programa Bem-Te-Vi, na proposta do Pacto por Segurança. Os pontos foram definidos em levantamento realizado pela PM e prefeitura de Seara, sendo os seguintes locais: Avenida Anita Garibaldi, Centro, próximo a praça; Avenida Paludo com esquina da rua José Zanuzzo, bairro São João, próximo a praça Henriqueta Zanuzzo; Avenida Paludo, bairro São João, na saída para Itá; Avenida Sete de Setembro, Centro, no cruzamento com a rua Três de Abril; Rua do Comércio, bairro Niterói, no cruzamento do Banco do Brasil; Rua do Comércio, bairro Niterói, na saída para Concórdia nas proximidades da Chapeação do Baiano; rua Herculano Hércules Zanuzzo, bairro Industrial, próximo ao Sgarbossa; e na rua Prefeito Theodoro Barbieri, Bairro das Nações, na saída para Chapecó, próximo ao Mercado Estrela. Ainda foram instaladas na rua Olavo Bilac, esquina com a rua Antonio Garghetti no bairro Industrial com a entrada do bairro Garghetti e na rua Prefeito Etelvino Pedro Tumelero, bairro São João, próximo a Finco Alimentos.
As câmeras estão funcionando, mas a Central de Monitoramento na PM ainda não está totalmente concluída. A operação se dará por agentes temporários que estão sendo destinados para todas as cidades do Estado. Quatro ou cinco estariam sendo distribuídos para a Companhia de Polícia de Seara.
O Comandante local, Capitão Givanildo Rodrigues entende que o monitoramento deva ocorrer por 24 horas, porém não há pessoal para isso. Os agentes trabalham oito horas diárias, e os policiais que permanecem no Copon realizam outras atividades, como atendimento ao 190 e questões internas. Na visão dele, o equipamento de vídeo não deixa de ser um aporte importante em segurança pública. "Mas não é, com certeza um remédio para solucionar os problemas de assaltos, furtos e outros ilícitos que estão ocorrendo em Seara, por isso desde o início deste processo, sempre defendi como prioridade o aumento no efetivo policial, porque a figura do policial, atuando de forma decisiva é de maior impacto e efetividade", diz ele.
Destacou ainda que em alguns momentos, os equipamentos tragam vantagem na prevenção, mas não se constituem em solução para o que vem ocorrendo. "A presença do policial militar, masculino ou feminino, é muito mais importante, dá mais segurança e confiabilidade à população", prossegue. Salienta que "ao invés da viatura tentar cobrir as câmaras poderão fazer isso, então o ganho em prevenção é grande", concluiu.
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