1º de maio - Data remete às lutas da classe

Sindicalistas reconhecem avanços, mas entendem que a situação ainda não é ideal
Foi por causa de uma greve de trabalhadores em 1886, na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, reivindicando jornada de oito horas por dia, que o 1º de maio entrou para a história como Dia Internacional dos Trabalhadores. Desde então, a data tornou-se um símbolo das lutas por direitos, melhores condições de trabalho e valorização daqueles que movem a economia e contribuem diretamente para o crescimento e desenvolvimento das nações, apesar de que por vezes é entendida como um simples dia de folga e de comemoração. Será que há razões para celebrar?
Para a presidente do Sindicato dos Comerciários de Concórdia e Região, Janete Peccini, a data simboliza “uma luta histórica, um marco na busca por melhores salários e condições de vida”. Ela lembra que, no passado, os trabalhadores enfrentavam uma realidade dura, marcada pela exploração e pela busca incessante do lucro à custa da mão de obra operária. “Apesar dos avanços conquistados com muito esforço e mobilização, ainda há um longo caminho a percorrer”, destaca.
Reconhece que houve melhorias nas relações de trabalho, mas acredita que essas mudanças ainda não alcançaram a forma ideal. “Hoje temos um cenário mais positivo, com empresas buscando trabalhadores, um indicativo de quase pleno emprego. No entanto, os salários continuam muito baixos, o que acaba levando muitas pessoas à informalidade”, analisa.
Janete observa com preocupação o crescimento do trabalho informal, resultado, segundo ela, de uma tentativa de aumentar a renda diante da falta de oportunidades com remuneração justa. “Muitos foram para a informalidade esperando ganhar um pouco mais. Em contrapartida, ficam desamparados. A reforma trabalhista de novembro de 2017 teve um grande impacto nesse cenário, retirando diversos direitos da classe trabalhadora e, depois da pandemia, o mercado de trabalho mudou profundamente”, comenta.
Um dos aspectos mais preocupantes para Janete Peccini é a saúde mental dos trabalhadores. “Temos visto um número crescente de afastamentos por problemas psicológicos, como ansiedade e depressão”. Entende que esse é o reflexo das pressões e do modelo produtivo atual. “Sempre que essas datas se aproximam, é momento de refletir. Precisamos evoluir como seres humanos. Essa evolução trará reflexos positivos não só na vida pessoal, mas também no ambiente de trabalho e nas relações sociais. Quando estamos equilibrados, os resultados são muito melhores”, conclui.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores, Funcionários e Servidores Públicos Municipais de Seara, Aristides Sell Antunes Junior, avalia que “há inúmeros motivos para celebrar o Dia do Trabalhador, mas também é importante reconhecer as dificuldades e desafios que os trabalhadores enfrentam”. Segundo ele, é fundamental continuar lutando por direitos e melhorias para a classe trabalhadora. “Alguns trabalhadores enfrentam condições de trabalho perigosas, insalubres ou estressantes, o que pode afetar sua saúde e bem-estar”. O presidente afirma ainda que “o Dia do Trabalhador é uma oportunidade para valorizar o trabalho e a contribuição dos trabalhadores para a sociedade. A data pode ser usada para conscientizar sobre as dificuldades e desafios que a categoria enfrenta e para promover mudanças positivas”. Encerrou desejando em nome do Sindicato que representa “um ótimo 1° de maio a todos”.
O que diz a lei?
O 1º de maio é um feriado nacional e garante aos trabalhadores o direito à folga no dia ou posterior. Em caso de jornada normal na data, a remuneração deve ser em dobro. Essas regras estão previstas nos artigos 8º e 9º da lei nº 605, de 5 de janeiro de 1949.
As atividades consideradas essenciais devem operar regularmente ou em regime de plantão durante o feriado. Isso abrange setores como saúde, transporte, energia, comunicações, serviços funerários e outros.
Deixe seu comentário